domingo, 20 de fevereiro de 2011

Mayara Magri Destaque Internacional



A jovem carioca Mayara Magri, da Companhia Petite Danse, conquistou em 2010, o prêmio de Melhor Bailarina do Festival de Dança de Joinville e esse ano foi premiada no Grand Prix Lausanne, na Suíça.




Quem é Mayara Magri e onde atua profissonalmente hoje em dia?
Tenho 16 anos, moro no Rio de Janeiro (RJ), em uma Comunidade chamada Mata Machado, que fica no Alto da Boa Vista. Minha família é de classe média/baixa.
Tenho duas irmãs e moro com os meus pais. Sempre fui uma criança muito animada e sapeca. Gosto de dançar qualquer estilo de dança, mas me descobri realmente através do ballet clássico.


Com quantos anos você começou os seus estudos de ballet? Algum momento pensou em desistir? Se sim, o que te motivou a continuar?
Comecei a fazer ballet aos 8 anos, na Escola de Dança Petite Danse, atráves de um projeto social, chamado "Dançar a Vida" desde então, faço aulas de ballet gratuitamente. Nunca pensei em desistir, sair do ballet era algo que em nenhum momento passava pela minha cabeça. Às vezes ficava um pouco estressada, de saco cheio ou chateada por algo que acontecia, como: não conseguia fazer algo ou perdia algum festival...Mas nunca me permitir jogar fora essa oportunidade de estudar dança!


Com quantos anos você “pisou” no palco pela primeira vez? Você se lembra do que sentiu naquele momento? O que dançou?
Eu tinha 10 anos quando participei do CBDD, Conselho Brasileiro da Dança, dançando a variação de repertório Cupido. Já havia dançado antes em espetáculos da escola, mas a primeira vez que encarei um palco sozinha foi essa. Eu me senti maravilhosamente bem, mesmo não entendendo muito o que estava fazendo, achava aquilo um máximo, me sentia a vontade ali.


Quais os estilos dança com que trabalha e qual seu contato com outra manifestações artísticas?
Faço ballet clássico e dança contemporânea. Já o lado artístico pude aprimorar graças a minha professora de ballet, Patricia Salgado, que já foi bailarina solista do Ballet de Sttutgar, na Alemanha. Com 14 anos dancei o ballet completo de Giselle, remontado por ela. Com as pantomimas pude aprender a me comunicar realmente com o público, e fazendo o papel de Giselle, tive que interpretar toda a felicidade e o drama que o ballet pede. Também faço aulas de teatro, através do curso profissionalizante disponibilizado pela Petite Danse.


Você ganhou um dos prêmios mais almejados pelas bailarinas brasileiras em 2010: o de melhor bailarina do Festival de Dança de Joinville. Como foi essa experiência? Você esperava ganhar esse prêmio especial?
Na verdade, eu estava me preparando desde o começo de 2010 para esse Festival. E ter ganhado esse prêmio foi extremamente gratificante, é um reconhecimento incrível, eu fiquei muito feliz.
E hoje fico mais feliz ainda, pois esse prêmio me levou ao Prix Lausanne em 2011, Concurso este que eu nem imaginava em ganhar!


Neste mesmo Festival, você apresentou o pas-de-deux Cisne Negro, ballet de repertório que atualmente remete ao filme com mesmo nome. Você assistiu ao filme? O que achou? E como foi a preparação para a interpretação do ballet?
Eu treinei 8 meses o Cisne Negro, pois não é um ballet só dificil tecnicamente, interpretar esse papel me fez suar bastante, mas adorei ter tido essa oportunidade! O filme, assisti sim, na verdade eu assisti antes de lançar aqui no Brasil, pois já tinha baixado na internet pela ansiedade em assisti-lo. Eu adorei, o enredo é fantástico e de tanto assistir, tirei a minha conclusão do filme:
" não existe ballet sem arte, não adianta você ser maravilhosa tecnicamente se não consegue passar para o público as emoções do personagem que você representa”.


Você tem algum ballet preferido? Ou existe algum lugar ou papel em especial que você gostaria de ter dançado e ainda não realizou este sonho?
Tenho muita vontade de dançar o ballet completo de Lago dos Cisnes, porque além de ser um repertório bem difícil tecnicamente, ao meu ver, é o ballet mais completo que existe, pela grande carga de interpretação que ele pede da bailarina principal. No entanto, já realizei um grande sonho que foi dançar na Europa.


Como foram os dias no Prix de Lausanne? Algum momento você se sentiu intimidada em meio a tantos concorrentes fortes?
Desde a primeira aula, vi que os meus concorrentes eram também muito fortes (físico e técnica), porém o clima dentro do concurso era tão tranquilo que não existia aquela competição ruim, cada um estava preocupado consigo mesmo, concentrados e com um único propósito: dar o seu melhor para conseguir fazer uma carreira na dança. Isso foi fantástico, pois não permitia que um desmerecesse o trabalho do outro.


E agora, após ter conquistado o prêmio, quais são os seus sonhos daqui para frente? Algum plano de carreira profissional?
Fiquei muito feliz de ter conquistado o prêmio, realmente não esperava tanto. Agora quero trabalhar com dança, quero entrar para uma Companhia (de preferência na Europa...haha) e ralar muito para fazer o que gosto. Essa seria a minha maior felicidade, mesmo que isso me afaste de casa e dos meus familiares. Todos sabem que é isso que eu quero e também é uma maneira de eu poder no futuro ajudar a minha família financeiramente.


Quem são suas inspirações e parcerias na dança?
A minha professora Patricia Salgado, que dançou no Ballet de Stuttgart (na Alemanha) durante 11 anos. Ela é minha grande referência na dança. Já pessoas que fizeram carreira aqui no Brasil, tenho como referência a Ana Botafogo, que encanta o público com sua arte de dançar.


Existe alguma história que te marcou em palco? Algo inusitado, engraçado...Algum momento de alguma viagem legal que gostaria de relembrar?
São muitas as situações que um bailarino passa no palco, uma apresentação nunca é igual a outra. Uma vez já dancei um pas-de-deux só de tope e short e bem na hora do agradecimento a mão do meu partner agarrou no tope e o tirou no meio da apresentação, fiquei nua por alguns segundos (risos). Foi muito engraçado, porque o público era bem jovem, mais ou menos da minha idade e depois que terminou todo mundo ficou comentando sobre isso, foi constrangedor!


Você com certeza tem uma história de superação! Qual dica você daria para as bailarinas?
Muitas são as barreiras que encontramos nessa caminhada, que é muito dura e desgastante. Deixamos nossa vida social de lado, vivemos literalmente para isso e receber uma recompensa como essa é muito gratificante! Muitas das vezes temos que saltar sobre as pedras que caem em nossos caminhos, pois com elas aprendemos muito.
A dança é um meio muito seletivo, mas se você realmente quiser e acreditar que você é capaz tudo vai dar certo, todos nós temos uma vaga ao Sol. Por isso, vamos rumo a ela!

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