sexta-feira, 13 de julho de 2012

O Festival


Dança Joinville, dança o meu coração. A vida é um palco, movimento emoção. As flores da cidade vão dançar com você. Vem para Joinville, nós queremos te ver. Para dançar, dançar, dançar e ser feliz, festival de emoções do meu País.

Você está cantando, não é? Sim, se você já foi para Joinville, ao invés de ler este texto, você acabou de cantar o mais famoso jingle da dança brasileira. Nem é preciso dizer que estou me referindo ao Festival de Dança de Joinville, que em 2012 completa 30 anos e acontece entre os dias 18 e 28 de julho. Repleto de surpresas e, sobretudo, trazendo à tona sua memória por meio de convidados, lançamento de livro, documentário e outras atividades, o festival se renova a cada ano e, com ele, todos nós.

Minha trajetória tem uma longa relação com Joinville. Já fiz contagem regressiva para ir, dormi no alojamento, subi naquele palco e achei que meu coração fosse sair pela boca. Fiz aulas, muitas aulas, de jazz com Roseli Rodrigues, Deborah Bastos... e de musical, quando esse curso ainda nem era tão disputado. Cheguei até a me apresentar no final do curso do Oswald Berry com uma calça jeans rasgada que eu só usei aquele dia! Aprendi a cantar uma música que nunca tinha visto e que sei até hoje. Frequentei aulas no galpão, na Univille, no Bolshoi.

Depois de alguns anos passei para o outro lado da cena. Como crítica de dança, escrevi para o AN Festival por três anos consecutivos, depois voltei como professora de redação crítica, como convidada para lançar o documentário Roseli Rodrigues – Poesia em Movimento, ao lado da Inês Bogéa, e volto este ano como jurada do jazz e do meia-ponta e como codiretora da Revista de Dança, ao lado da Flávia Fontes Oliveira.

Cresci pessoal e profissionalmente com e dentro do Festival. Já se passaram mais de dez anos desde a minha primeira vez. E para não mentir que nunca furei, só não fui em 2010. Morri por dentro tomando um chá amargo e olhando para tela repleta de e-mails do meu computador. Tive que aprender a fazer escolhas. Depois passou (mas demorou).

Sempre fui uma entusiasta dos festivais. Sempre. Independentemente se são competitivos ou mostras, são palcos para bailarinos das escolas se apresentarem. Além de proporcionarem um intercâmbio com pessoas de diferentes lugares, com perspectivas e vontades diferentes, os festivais têm uma função às vezes imperceptível: manter uma coreografia do fim do ano e repertório por mais tempo, dando ao bailarino a chance de deixá-la mais madura e também ao coreógrafo de rever seu trabalho por mais tempo. Não é só uma questão de uma nova apresentação.

Fato é que Joinville tem um cheiro e um sabor inexplicáveis. É "O" festival.

Texto de Marcela Benvegnu

Marcela Benvegnu: Coordenadora de Comunicação da São Paulo Companhia de Dança, é jornalista e crítica de dança. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, pós-graduada em Estudos Contemporâneos em Dança pela UFBA e especialista em jazz dance. Participou do livro Na Dança (Imprensa Oficial, 2005) e Terceiro Sinal (SPCD, 2011). Seu mais recente texto publicado é Reflexões sobre Jazz Dance: identidade e (trans)formação (in: Sala Preta, USP, 2011). Ministrou palestra sobre História do Jazz Dance e Corpo Brasileiro, na Broadway Dance Center (Nova York),e aulas como professora convidada de História da Dança na ECA-USP e ITA. Atua em diversos festivais de dança do país como jurada e crítica, entre eles Festidança, Festival de Dança de Joinville e Festival Internacional de Sapateado. É coautora do documentário Roseli Rodrigues – Poesia em Movimento (2011), codiretora do Congresso Internacional de Jazz Dance no Brasil e da Revista de Dança.

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